Ser uma Bruxa é ter a Força dos Céus e das Trevas A Luz do Sol O Brilho da Lua O Resplendor do Fogo A Presteza do Vento A Profundidade do Mar A Estabilidade da Terra e a Firmeza de uma Rocha.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

)O( OS CHÁS DE COZINHA E OS SABÁS )O(

A caverna da bruxa sempre foi o lugar proibido, no qual nunca ninguém podia entrar - principalmente os homens. Por isto nos sabás, as grandes festas de orgia e de excessos realizadas por mulheres nos tempos antigos (!), só mulheres podiam participar.

Os sabás eram a grande oportunidade que essas bruxas, mulheres isoladas ou desprezadas de seu convívio social normal, tinham para trocar suas fórmulas mágicas, seus feitiços, suas idéias e desejos proibidos.

Os sabás, realizados ao ar livre, em lugares distantes do centro das cidades, eram regados a mandrágora, vegetal alucinógeno que provocava fortes delírios nessas mulheres reprimidas e não adaptadas em seu mundo.

Nessas orgias, as bruxas imaginavam se encontrar com o demônio, o grande chefe do sabá, figura selvagem e fálica que elas reverenciavam e a quem dedicavam todos os seus desejos sexuais impedidos de vir à tona normalmente.

Muitas mulheres hoje em dia estão resgatando esse lado escondido de sua feminilidade, as origens do caldeirão da bruxa.

Os sabás, hoje, são as festinhas sociais realizadas pelas mulheres, onde só elas podem participar, longe dos olhos dos homens. Como exemplo destas reuniões, temos os famosos chás de cozinha (também chamados chás de panela - ou seria de caldeirão?), que servem de preparatório para a futura vida matrimonial da noiva.

Nesses chás de cozinha, terminantemente proibido para homens, as mulheres conversam sobre suas vidas de casada e presenteiam a noiva com utensílios relacionados ao lar, os quais ela irá usar para alimentar a própria vida e a de seus dependentes - esposo e filhos.

Essas lembrancinhas, presenteadas pelas amigas e familiares, muitas já casadas, são para lembrá-la de sua responsabilidade para com a fertilidade, para com a conservação do lar e da família.

As mulheres já casadas, mais velhas do que a noiva, são as que vão lhe passar a experiência do casamento, a sabedoria do matrimônio, os segredos da vida a dois que a jovem moça ainda não conhece.

Esta sabedoria milenar, na linguagem celta, era chamada de wicca, de onde vem o termo inglês wise, que significa sábio. É daí que vem a palavra inglesa bruxa, witch.

A bruxa, ou a velha sábia, é a mulher conselheira da tribo, que detém todos os conhecimentos ocultos da origem das espécies. Ela é a guardiã dos segredos da natureza - dos chás que curam, das ervas medicinais, dos ungüentos, dos cataplasmas, das poções mágicas e dos feitiços de amor.

Esta é a sabedoria cultivada nesses chás de cozinha, preparados pelas mulheres mais velhas para ensinar às mais jovens sobre a vida familiar.

Os chás de cegonha, por sua vez, são a reafirmação dos chás de cozinha, preparatórios do casamento. A espera da criança é a grande sensação vivenciada pelas mulheres mais velhas, principalmente por que estas não têm mais o dom de procriar.

Os chás de cegonha são, assim, a reafirmação da fertilidade, do poder da frutificação da vida pelos laços humanos. São a lembrança de que os segredos da vida, compartilhados pelas mulheres no chá de cozinha anterior, serão usados para a procriação da felicidade do casal, representada pela criança que está sendo ou será gerada, a promessa de futuro.

Como se sabe, esses chás de mulheres transformaram-se numa verdadeira tradição entre nós. Eles são os resquícios das antigas reuniões entre mulheres, dos antigos sabás das bruxas, nos quais se discutiam e se vivenciavam as formas de se manipular as forças da natureza.

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©2007 '' Por Elke di Barros
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