É fico bem claro. Tudo terminou ali, sem a sutileza necessária a um assunto tão frágil. Para falar a verdade, você foi cruel. Sei que não interessa muito saber a minha opinião, mas você foi rude. Larguei o celular em cima da cama e me deixei ficar inerte, com a postura clássica dos que não esperam mais nada da vida. Quem liga para si própria num momento desses? E chorei, desfazendo o nó da garganta de maneira desabalada, torta, feia, deixando brotar em lágrimas toda a frieza que senti em sua voz pelo celular. E me deixo pensar em nós dois, num verdadeiro flash back de nossas vidas. Estranho... não preciso olhar muito para seu retrato. Já tenho todas as linhas de seu rosto marcadas aqui, dentro de mim.

Você foi o primeiro homem a quem amei de verdade, não estou cobrando qualquer tipo de deferência por causa disso. Mas as linhas já estão cruzadas em minha cabeça, não consigo ouvir mais minhas próprias palavras. E se não fosse a força de minha Dai, seria mais difícil acreditar que saio dessa.

Ando pelo quarto assim, meio atônita, vivendo a dor quase física de sentir sua indiferença. Por enquanto, só isso. Mais tarde, sei que esta dor vai dar lugar a algo pior, muito pior. Uma falta, misturada com sua ausência dentro de mim.

No fundo, lá no fundo, a dor continua. E a solidão serve como bandeira pra muita gente que precisa fazer de conta que não estamos lidando com o mais imponderável e difícil: sentimento. E esquecem também da lei natural dos seres humanos, que ninguém nasceu pra ser sozinho. Só que eu vou precisar aprender a ser, sem você.

Sinto vontade de ir lá pra fora, andar um pouco. Mesmo que seja por essas ruas apinhadas de gente debaixo de sol extremo. Um instinto de vida no meio desse caos em que me encontro.

Muito drama pra uma mulher de 38 anos de idade? Talvez. Mas esta é a minha verdade. E pretendo esperar que você saia de mim naturalmente, com direito a muitas lágrimas, a muitos sofrimentos. Eu sou assim.

)O( Lilith, a Lua Negra.)O(... Dedico esta carta a Eduardo Ramos... o homem a quem mais amei na vida.